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15/05/2019
Reformas do governo tentam voltar o País à época da escravização

   O Brasil foi o último país da América Latina a abolir a escravidão, mas os abusos, as desigualdades e as injustiças nunca foram eliminados completamente, pelo contrário. 2019 começou com retrocessos que lembram o período colonial escravocrata. Em abril, o governo publicou decreto para extinção de dezenas de conselhos, entre eles, a Comissão Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo.

  Antes mesmo de se lançar pré-candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro fez declarações violentas contra a população negra. "Eu fui em um quilombola em Eldorado Paulista. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Acho que nem para procriar servem mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gasto com eles", disse em palestra no Clube Hebraico, em 2017. A declaração racista, aplaudida pelos espectadores no momento, foi repudiada por movimentos de luta pela igualdade racial e por defensores de direitos humanos.

  "Um presidente que declara que 'as minorias têm que se curvar às maiorias' e que 'racismo é coisa rara' no País é um governante que não tem consciência alguma da sociedade em que habita, muito menos preocupação em fazer reparação histórica para corrigir as injustiças do processo colonial cruel e assassino que o Brasil teve", comenta Sérgio Ronaldo da Silva, Secretário-geral da Condsef/Fenadsef. "Hoje enfrentamos um presidente que reforça os discursos racistas e segregacionistas que estavam sendo combatidos. Obviamente que ainda havia muito a se avançar, mas em pleno 2019, o Brasil deu um salto gigantesco para trás e voltou no tempo. Querem nos ver escravos novamente", critica.

 

CORTES APROFUNDAM A DESIGUALDADE SOCIAL E RACIAL

  O corte de recursos que deveriam ser destinados às universidades e a proposta de Reforma da Previdência apresentada pelo governo são vistos como ações que favorecem desigualdades raciais, tendo-se em vista que a população negra é o segmento social que mais sofrerá as consequências graves. "Se foram cortadas bolsas de estudos, quem mais precisa são estudantes economicamente vulneráveis, que provavelmente são negros", comenta Sérgio Ronaldo.

  Petrus Elesbão, presidente do Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do Tribunal de Contas da União (Sindilegis), entende que a PEC 6 é racista. "Segundo o IBGE, cerca de 12,2 milhões de pessoas estão desempregadas atualmente. Nesse contexto, os negros são 66,4%. A proposta precariza ainda mais a situação dos trabalhadores que possuem menor nível de escolaridade e menores rendimentos: negros e mulheres". 

  Sérgio Ronaldo complementa e ressalta que não há representatividade negra no primeiro escalão do governo, o que prejudica a formulação e execução de políticas públicas de inclusão. "Por conta de todas essas injustiças, especialmente diante da ameaça dessa Reforma da Previdência racista de Bolsonaro, é que vamos paralisar o Brasil no próximo 14 de junho. Todos devem participar para que os governantes ouçam nossa voz, que pede respeito, igualdade e justiça", convoca.