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25/10/2013
População espanhola sai às ruas para protestar contra reforma da "Lei Wert"
Nesta quinta-feira (24), a comunidade educativa do Estado Espanhol saiu às ruas, mais uma vez, para impedir a aprovação da reforma educativa “A Lei Wert” apresentada pelo ministro da educação José Ignacio Wert ao parlamento. A reforma tem como um dos seus pilares o apoio aos chamados Institutos concertados – escolas de ensino médio que funcionam como parcerias público-privadas recebendo dinheiro público. Além disso, institui o ensino religioso como obrigatório e necessário para poder ingressar nas universidades. Estabelece também que o espanhol seja a língua prioritária nas comunidades autônomas (equivalente aos estados brasileiros) que têm outras línguas co-oficiais como Catalunha, País Vasco e Galicia.
A Lei Wert é uma das mais impopulares da história recente da Espanha e têm recebido o rechaço da grande maioria da sociedade. O ministro Wert têm sido vaiado e literalmente perseguido na maioria dos eventos dos quais participa. Para a maioria dos analistas, sindicalistas e especialistas no tema, a reforma educacional representará um retrocesso de pelo menos 30 anos no ensino médio deste país. A religião e a obrigatoriedade da língua espanhola são símbolos que remetem diretamente à ditadura franquista, regime político aplicado na Espanha entre 1939 e 1976, durante a ditadura do general Francisco Franco.
Por este e outros motivos, a greve teve adesão, segundo a maioria dos sindicatos, de mais de 50% das escolas públicas e privadas. Em Barcelona, foram mais de 100 mil pessoas segundo os Mossos d’Esquadra (Polícia regional catalana). Sindicatos educativos, associação de pais e mestres, além de inúmeras coordenadoras estudantis convocaram a greve e participaram hoje da manifestação que percorreu e parou o trânsito de Barcelona. Uma grande vitória, mesmo com a pouca participação dos dois grandes sindicatos espanhóis, CCOO (Comisiones Obreras) e UGT (Unión General de Trabajadores).
Estas lutas refletem também o poderoso processo de reorganização político-sindical em curso atualmente. A greve foi organizada pelos próprios professores, estudantes e pessoal administrativo em cada centro educativo, praticamente sem centralização e organização a nível estatal. Também foi uma mostra do que pode ser o início da retomada do ascenso que vêm sacudindo a Espanha nos últimos anos, produto da profunda crise econômica que vive o país.
Por Gabriel Huland, para o CSP-Conlutas.
Disponível em: http://cspconlutas.org.br/2013/10/mais-de-100-mil-pessoas-protestam-em-barcelona-contra-a-lei-educativa-de-rajoy/