NOTÍCIAS
Texto original do Comitê executivo do PSTU
Faleceu na ultima terça, 23 de setembro, cedinho a camarada Cilinha, Cecília Toledo, que mesmo travando durante anos uma luta feroz contra um câncer severo, não deixou de ter a militância revolucionária e internacionalista como centro da sua vida.
Mesmo com mal estar pelo tratamento, lá se ia Cilinha a dar palestras pelo Brasil e mundo afora, organizar peças de teatro em eventos dos trabalhadores, produzir artigos teóricos ou jornalísticos, fazer edição de textos, participar dos congressos da Internacional e dos eventos do partido.
Cilinha começou a militar sob a ditadura militar, em meados dos anos 70, na Liga Operária, organização que antecedeu a Convergência Socialista e o PSTU. Praticamente 40 anos de militância marcam uma vida dedicada à construção de um partido revolucionário, o PSTU, e de uma Internacional revolucionária, a LIT.
Cilinha era jornalista e diretora de teatro, formada pela ECA e EAD-USP. Como jornalista revolucionária, trabalhou no jornal Versus, foi da equipe de redação do jornal Convergência Socialista, colaborou com o jornal Alicerce e com o Opinião Socialista. Foi editora de texto e colaboradora assídua da revista Marxismo Vivo, onde produziu inúmeras reportagens, textos teóricos ou históricos, além de artigos sobre a imprensa operária. No artigo “Trotsky e a imprensa operária”, publicado na revista Marxismo Vivo número 13, Cilinha remete o leitor a uma aula sobre imprensa operária.
No final dos anos 70, Cilinha realizava também por um intenso trabalho entre os artistas. O núcleo de artistas do qual fazia parte teve papel destacado no lançamento do Movimento Convergência Socialista.
Atuou na organização e campanha da chapa de oposição ao sindicato dos Artistas de São Paulo, encabeçada por Lélia Abramo com participação de Cláudio Mamberti, Renato Consorte, Robson Camargo, Dulce Muniz e muitos outros atores. Essa chapa vitoriosa em 1978 ganhou as páginas dos principais jornais, apesar da censura, por ser a primeira chapa de oposição a vencer os pelegos sob a ditadura neste meio artístico.
Cilinha teve sempre grande atividade junto à Internacional. Morou por dois anos na Argentina e militou no velho MAS.
Apesar da enorme atividade, experiência e capacidade como jornalista revolucionária, este aspecto seria incompleto para definir Cilinha. Pois, Cilinha, especialmente nos anos 90, cumpriu um papel importantíssimo, teórico, político e prático na questão da emancipação das mulheres.
Retomou com hierarquia essa questão da luta conta o machismo no interior da LIT e do PSTU e respondeu teoricamente às tremendas pressões reformistas e policlassistas advindas das teorias de gênero, defendendo o marxismo e o corte de classe na luta pela emancipação das mulheres. Foi da Secretaria de Mulheres da Internacional e também por muitos anos da Secretaria de Mulheres do PSTU. Foi um guia para toda uma geração que se colocou na vanguarda do combate ao machismo como parte da luta da classe trabalhadora pelo socialismo.
Seu livro, “O gênero nos une, a classe nos divide”, publicado em várias línguas e com inúmeras edições sucessivamente esgotadas no Brasil, é um referencial marxista de peso, que transcende as fronteiras do próprio PSTU e da LIT , na medida em que é um porto seguro marxista para todo ativismo que pretenda ter um referencial de classe, revolucionário e socialista na luta contra os opressões.
Cilinha, Presente!