Há mais de 20 dias em greve, servidoras e servidores públicos da cultura seguem mobilizados em protesto contra o sucateamento das estruturas culturais do Estado e pela criação de um plano de carreira específico para a categoria. A paralisação nacional começou em 29 de abril, após a reiterada recusa do Ministério da Gestão e da Inovação (MGI) em abrir uma mesa de negociação com os trabalhadores do setor.

Na tarde desta terça-feira (21), durante a cerimônia de reinauguração do Palácio Capanema, no Rio de Janeiro, servidor@s em greve realizaram um protesto nos arredores do edifício histórico. O ato aconteceu enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a Ministra Margareth Menezes participavam do evento. Uma comissão representando os grevistas foi recebida pelo presidente e a ministra, que ouviuram as demandas da categoria. Fernanda de Matos, servidora do IPHAN no Rio Grande do Norte, eleita para o comando nacional da greve, estava presente representando o estado na mobilização. 

A principal reivindicação do movimento é a implementação do Plano de Carreiras da Cultura (PCCULT), apresentado ao MGI em 2024 como uma proposta de valorização e reestruturação profissional. O plano busca substituir e atualizar o antigo Plano Especial de Cargos da Cultura (PEC-Cultura), criado em 2005, mas nunca efetivado de forma integral.

O PEC-Cultura abrange trabalhadores e trabalhadoras de instituições como o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), a Fundação Biblioteca Nacional (FBN), a Fundação Cultural Palmares, a Fundação Nacional de Artes (Funarte) e o Ministério da Cultura (MinC).

Segundo os servidor@s, o serviço público de cultura enfrenta um processo contínuo de desmonte há pelo menos duas décadas, marcado pela precarização das condições de trabalho e pela ausência de políticas estruturantes. A greve busca pressionar o governo federal a reconhecer a centralidade da cultura e o papel fundamental dos profissionais que a mantêm viva e acessível à população.