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A estratégia do governo de separar negociações em mesas específicas vem demonstrando ser desastrosa. Essa política está promovendo um aprofundamento do problema que o próprio governo Lula se comprometeu a combater: as graves distorções salariais no Executivo Federal. Esse tratamento diferenciado, inclusive dentro do mesmo órgão como agora se observa com a Abin, aprofunda e consolida uma política salarial equivocada e elitista que discrimina e estratifica os servidores federais.
Essa semana, ao MGI, os servidores do grupo informação e apoio da Abin afirmaram que se sentiram desprezados pelo governo ao se depararem com tratamento diferenciado dado aos servidores com os cargos de Oficiais e Agentes de Inteligência. O sentimento tem sido compartilhado por servidores de dezenas de outras categorias que, mesmo tendo decidido em assembleias, por maioria, firmar acordo, entendem que as propostas do governo vão na contramão do combate às distorções salariais e da valorização dos servidores do Executivo.
Quando o MGI promove esse tipo de distintividade, colocando servidores que trabalham lado a lado com salários tão díspares, além de promover uma enorme injustiça contra centenas de trabalhadores e trabalhadoras, estimula a competição, a fragmentação e o elitismo na categoria.
'Situação precária'
Não por acaso, servidores que representam a maioria do Executivo, elegeram como trilha sonora da campanha salarial 2024 a música 'Xibom Bombom' do grupo musical As Meninas, sucesso dos anos 90 e com letra ainda atual que aponta para uma situação precária de manutenção de desigualdades onde sempre se observa que "o de cima sobe e o debaixo desce".
Formato "control c control v"
Outra grande crítica apontada nesse processo de negociações conduzido pelo MGI está no fato de que a maioria das propostas ganhou um formato padrão "control c control v", essencialmente sendo apresentados percentuais de reajuste de 9% a partir de janeiro de 2025 e 5% a partir de abril de 2026.
Além de aprofundar distorções salariais, a política de negociações adotada pelo governo fragmentou servidores e inverteu a proposta de consenso apresentada inicialmente pela bancada sindical (Fonasefe e Fonacate), baseada em cálculos sobre perdas inflacionárias. Esta proposta unificada do funcionalismo foi objeto de amplo debate entre as entidades.
Com informações da CONDSEF/FENADSEF