Em 2003, a faixa que abrangia o maior número de inativos da União (19,8%) era a que ganhava de R$ 1.501 a R$ 2.500, o que representava entre 7,5 e 12,5 salários mínimos da época (R$ 200 em fevereiro de 2003, data da publicação do boletim usado pela Enap). No ano passado, o valor de benefício do maior grupo de servidores (29,9%) estava na faixa de R$ 3.001 a R$ 4.500, ou seja, entre 4,4 e 6,6 pisos nacionais de 2013 (R$ 678).
Na comparação entre o setor público e a Previdência Social (que paga benefícios a aposentados da iniciativa privada), enquanto metade dos inativos da União, segundo a Enap, ganhava de um salário mínimo até R$ 4.500, no ano passado, essa faixa de valor era alcançada por apenas 30% dos 31 milhões de segurados do INSS. Vale lembrar que, em 2013, o teto previdenciário era de R$ 4.159. Quantias acima dessa eram pagas apenas em casos de decisões judiciais.
O levantamento da Enap aponta ainda que a aposentadoria compulsória, na qual o servidor que completa 70 anos é afastado do trabalho pela administração pública, vem caindo. Entre 2004 e 2006, esse tipo de afastamento representava cerca de 10% do total de aposentadorias. Mas, em 2012, último ano em que os dados sobre esses benefícios foram compilados, as compulsórias não alcançavam 5%.
Pedro Cavalcante, diretor de Comunicação e Pesquisa da Enap, acredita, no entanto, que a tendência pode mudar:
— É possível que o número de aposentadorias compulsórias aumente nos próximos 20 anos, para que o servidor ganhe o abono permanência (dinheiro pago a quem já pode se afastar mas segue trabalhando), por exemplo.
As aposentadorias integral e proporcional dividiam a preferência dos servidores até o fim dos anos 1990. Mas depois a primeira foi ganhando terreno e, em 2012, respondeu por 95% do total de aposentadorias no serviço público federal.
Os gastos da União com o abono permanência correspondiam, em 2004, quando foi criado, a 0,3% da folha de pagamento do funcionalismo federal. Em 2013, o montante desse benefício pago aos servidores alcançou 1% da folha.