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19/09/2013
Black Bloc e os provocadores
Black Bloc e os provocadores Das muitas polêmicas que envolvem os Black Blocs, uma das que mais deixam confusos os ativistas de esquerda é sobre o caráter provocador dos black blocs. Segundo essa ideia, os black blocs estariam a serviço de algum setor de direita ou mesmo da polícia. Sua função seria fazer ações violentas que incitassem a violência policial, o que prejudicaria todo o movimento. Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que os black bloc não formam um grupo, muito menos coeso e centralizado. São jovens que adotaram determinada tática de manifestação a que, internacionalmente, se deu o nome de black bloc. Muitos jovens revoltados com a situação no país, viram, principalmente diante das manifestações de junho, a reação à violência policial e o ataque direto a bancos e empresas como a única forma eficaz de manifestação. Ou seja, a única maneira de conseguir alguma mudança efetiva. Muitos deles, diante da campanha da própria imprensa ou do exemplo das manifestações em outros países passaram a se denominar ‘black bloc’, ou seja, se declararam como ativistas adeptos de determinados métodos. Bem, é fato que em algumas situações a reação violenta é necessária e muitas vezes são bem vista pela população. Do mesmo modo há ações violentas que são exploradas pela imprensa burguesa contra os manifestantes. O apoio ou não de tais ações depende não apenas da campanha da imprensa capitalista, que via de regra condena tais ações, mas da própria situação política. Foi o que ocorreu com as manifestações de junho, cujo “vandalismo” foi apoiado pela população. Mas isso faz com que muitos se questionem se os black blocs não seriam elementos de direita infiltrados no movimento. Para esclarecer essa questão é preciso responder algumas perguntas. Uma é se as ações violentas são uma expressão natural de determinados movimentos sociais ou mesmo da população em geral quando confrontadas com uma situação limite. A essa pergunta temos necessariamente que responder de maneira afirmativa. No Brasil é comum que a população queime ônibus ou trens em razão da péssima qualidade do transporte, por exemplo. Em diversas greves, os operários chegaram inclusive a ameaçar de morte os chefes ou em ocupações ameaçaram explodir a fábrica caso essa fosse invadida pela polícia, entre outros. A violência é, portanto algo próprio da luta de classes. Dito isso, outra pergunta tem que ser feita. Mesmo sendo natural que ocorram tais ações, a polícia não pode se aproveitar disso para se infiltrar nas manifestações e fornecer pretexto para a repressão? Sim, isso pode acontecer, se bem a polícia brasileira não necessite de pretextos; ela reprime “porque quer” e quando quer. Daí decorre a pergunta crucial: é possível impedir os infiltrados e provocadores profissionais? Não. Sendo assim, não podemos condenar o black bloc porque elementos de direita podem estar “disfarçados”. Não é possível condená-los e cumprir o papel da polícia reprimindo os manifestantes e contendo os ímpetos de revolta da população. É preciso, ao contrário, dirigir esses impulsos, dar um sentido político concreto a eles e organizar tais manifestações para que elas sejam mais efetivas e cumpram um papel ainda mais significativo.