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20/11/2014
20 de novembro, Dia da Consciência Negra

A comemoração do Dia Nacional da Consciência é uma alusão à data da morte de Zumbi, então líder do Quilombo dos Palmares, ocorrida em 20 de novembro de 1695, na mãos de bandeirantes comandados por Domingos Jorge Velho.  A figura de Zumbi dos Palmares se tornou símbolo da luta do movimento negro no Brasil, por ele ter representado a força e a resistência do povo negro quando o país vivia a escravidão em sua plenitude. O Quilombo dos Palmares, situado no atual estado da Alagoas foi por quase um século refúgio de escravos fugidos, principalmente dos engenhos de cana-de-açúcar, a maior atividade econômica da região Nordeste na época.

Oficialmente, a libertação dos escravos ocorreu somente em 13 de maio de 1888, através da Lei Áurea, sancionada pela Princesa Isabel, contudo, nossa história sempre mostrou o tratamento recebido pela população negra no país, que ainda sofre com o racismo em todas as esferas da nossa sociedade.

O símbolo da resistência de Zumbi deve ser lembrado pelo povo negro como estímulo à memória e, sobretudo, à sua força e importância na formação da cultura Brasileira, como um guia nas lutas que os homens e mulheres negras ainda precisam enfrentar diariamente.

 Sabemos que mesmo após a Lei Áurea, a situação de vida do povo negro nunca foi das melhores nos país, os negros foram alforriados, mas não foram inseridos na vida social como cidadãos, continuaram sem acesso à educação, saúde e à qualidade de vida e o resultado foi que o povo negro deixou de ser escravo no papel, para tornar-se aparcela mais pobre da população.

O racismo velado é característica da mentalidade tacanha de muitos membros da sociedade brasileira, que a todo custo nega nosso racismo devido ao fato de sermos um povo miscigenado, mas esse mesmo racismo é sentido na pele todos os dias por quem é vítima dele.

Se fizermos uma análise, veremos que a população negra ainda é a maioria entre os mais pobres, entre os desempregados, é a maioria nos presídios, o extermínio da juventude negra e das periferias é uma realidade latente, para se ter uma ideia, 70% das pessoas assassinadas no Brasil são negras, as mulheres negras e pobres são as mais vulneráveis ao aborto com risco, o povo negro é criminalizado diariamente pela cor de sua pele, é sempre visto como suspeito de algum crime enquanto os criminosos de colarinho branco fazem o que bem entendem.

O último censo do IBGE constatou que a população negra e parda ultrapassa os 50% do total no país, mas a representação do povo negro ainda é mínima, nossa televisão só mostra os negros e negras como empregadas domésticas, como bandidos em programas policiais, ou quando reproduzem algum enredo que remete à escravidão,  essa maioria não está representada nos cargos políticos, nas instituições públicas, nas universidades etc. Precisamos ainda avançar muito no debate e na luta para acabar com o racismo no Brasil, para que a população negra não seja criminalizada diariamente e que possa buscar sua cidadania plena. A luta e a memória do povo negro nos deu grandes líderes como Zumbi dos Palmares, Nelson Mandela, na África do Sul e Martin Luther King, nos Estados Unidos, por isso o conhecimento da história e dessas figuras são fundamentais na resistência contra o racismo e a segregação social.